sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

A Menina que roubava livros

Sobre o filme A menina que roubava livros

 
Por: Adriana Aguiar Ribeiro

 
Ontem tive a oportunidade de ver no cinema o filme A Menina que Roubava Livros, estreado no último dia trinta e um e baseado no livro de mesmo título. Estava ansiosa pela estreia do filme, já que gostei muito da literatura. O filme, ao contrário de muitas produções baseadas em obras literárias, não decepcionou. Conseguiu reproduzir de forma fiel a narrativa de Markus Zusak em sua sua obra original. É um filme triste, assim como o livro. E não poderia ser diferente, quando a história é contada pela morte, sob sua ótica. Curiosamente a cidade de Molching, onde se desenrola a trama, é fictícia. Talvez inspirada em Olching, cidade alemã próxima ao campo de concentração de Dachau. E a bomba que destruiu o bairro de Liesel, personagem principal, foi inspirada em muitas outras bombas, destinadas às fábricas, depósitos de munições e outros, que por erros de cálculos atingiram bairros residenciais, na segunda guerra mundial.

O filme, além de bem produzido, cumpre também a função de lembrar a vertiginosa carnificina que foi o Holocausto, baseado em uma tradição antissemitista que ganhava força na cultura ocidental, perpetrado pela Alemanha Nazista, exterminando aproximadamente 6 milhões de judeus, na segunda Guerra Mundial. Nunca é demais recordar os horrores e as marcas indeléveis causados pelas guerras.

Livro - A Menina que Roubava Livros
Por isso, considero que a crítica ao filme feita ontem (01) e hoje no Segundo Caderno do Jornal O Globo, não deve ser levada tão a sério. André Miranda* classifica o filme como drama e faz a seguinte crítica ao filme: "É o tipo de produção 'feita para chorar' ". O bonequinho do Globo dorme sentado em sua poltrona.  Suponho que o crítico não deve ter lido o livro do autor acolhido com críticas radiosas nas revistas Publishers Weekly, School Library Journal, KLIATT, The Bulletin e Booklist, ao classificar a narrativa na tela como a pior possível. Não sou crítica, por isso não vale a opinião de que gostei do filme. Mas tenho certeza que há produções muito piores onde os críticos aplaudem de pé, com o seu bonequinho. Talvez o comentário crítico  tenha sido  pouco responsável e fundamentado.

A Civilização do EspetáculoSegundo Mario Vargas Llosa, em A civilização do espetáculo, "o certo é que a crítica, que na época dos nossos avós e bisavós desempenhava papel fundamental no mundo da cultura por assessorar os cidadãos na difícil tarefa de julgar o que ouviam, viam e liam, hoje é uma espécie em extinção à qual ninguém faz caso, salvo quando se transforma também ela, em diversão e espetáculo. (...) O vazio deixado pelo desaparecimento da crítica (...) antes desempenhada, nesse âmbito, por sistemas filosóficos, crenças religiosas, ideologias e doutrinas, bem como por aqueles mentores que na França eram conhecidos por mandarins de uma época, hoje é exercida pelos anônimos (...). Quando uma cultura relega o exercício de pensar ao desvão das coisas fora de moda e substitui ideias por imagens, os produtos literários e artísticos são promovidos, aceitos ou rejeitados pelas técnicas publicitárias e pelos reflexos condicionados de um público que carece de defesas intelectuais e sensíveis para detectar os contrabandos e as extorsões de que é vítima." Em sua obra o autor dá a impressão de que a crítica não é mais levada a sério nos dias atuais, assim como é exercida de forma irresponsável pelos profissionais da área.

*É Jornalista e crítico de cinema do jornal O Globo. Trabalhou como professor de vídeo para adolescentes moradores da Rocinha por dois anos, onde produziu e dirigiu documentários com a participação dos jovens. Mas quase ninguém os viu. Também fez vídeos com moradores de rua da Lapa, igualmente desconhecidos. Perfil de André Miranda extraído da página online da Associação de Críticos de Cinema do Rio de janeiro - ACCRJ, da qual é membro.

Boicote ao preconceito

Por: Adriana Aguiar Ribeiro
Viva a diversidade!
Nassau - Bahamas

Adoro viajar! Sempre vale a pena. Porém, tenho restrições a certos destinos. Não gosto de nações que exercem descaradamente preconceitos raciais ou de gênero. Por isso me abstenho ao desejo de visitar alguns países do Oriente Médio, ou os que misturam religião com política e se deixam governar por filosofias radicais. Não tenho interesses profundos na Índia.  Não gosto de pensar que serei vista como mulher em países onde, com frequência, cidadãos e sociedade profanam o direito de ser feminino. A falta de desejo de visitar Cuba decorre de não querer viver um regime que tolhe o indivíduo de fazer suas escolhas políticas, profissionais e econômicas. Acho que qualquer pessoa que vive em uma democracia estranharia enormemente não poder tomar suas decisões quanto ao modo de
Beleza das diferenças
Cozumel,- México
viver. E àqueles simpatizantes digo: vivam lá e depois venham pregar suas lindas ideologias! Vide exemplo dos médicos cubanos que, vivendo no Brasil, têm experimentado o gosto da liberdade de expressão. Rússia? Também impressionam atitudes do governo, agora retaliando a liberdade de expressão sexual. Estive lá, mas tenho ressalvas.
Visitei Lima há alguns anos. Mas agora, mesmo que acalente o desejo de conhecer Machu Pichu, pensarei duas vezes.  Isto devido às grosseiras manifestações de racismo dos torcedores do Real Garcilaso contra o Jogador Tinga, do Cruzeiro de Minas Gerais. Aconteceu esta semana na cidade de Huancayo, no Peru, durante o jogo pela Copa Libertadores. Que feio para o povo peruano! O Real Garcilaso deve ser punido com repúdio pelo lamentável ato de sua torcida.
A graça da variedade
Helsinki - Finlândia
Defeitos todas as sociedades têm. Mas o pior deles é o desrespeito ao cidadão e à democracia. Pois a liberdade de expressão do indivíduo é sagrada e deve ser muito prezada.
 
Por isso tenho minhas restrições. Não quero ser conivente com certas sociedades. É preciso que se aprenda a respeitar o diferente. E viva a diversidade!