sexta-feira, 4 de maio de 2012

Capítulo II - Ter ou Ser

Disponibilizo hoje para todos, o segundo capítulo do livro Vivendo Bem com o que você tem.
Boa leitura!

“Quando a última árvore for abatida, quando o último rio for envenenado, quando o último peixe for capturado, somente então nos daremos conta de que não se pode comer dinheiro”De um indígena norte-americano

Estamos vivendo um período de intensa insatisfação, gerada pela cultura capitalista que desvia o indivíduo de sua condição de SER, para a condição de TER. Muitas vezes nos sentimos desvalorizados pelo que SOMOS, pois achamos que não TEMOS o suficiente. É um grande erro do ser humano. Se nossa própria nomenclatura diz “SER” humano, bens materiais nunca conseguirão satisfazer as nossas ambições.
Como vamos lidar com esta tendência atual, depende estritamente de cada um de nós. De nossos valores, do nosso próprio crescimento. Se cultivarmos uma vida superficial e materialista, certamente seremos levados a acreditar que valemos pelo que temos. Se, ao contrário, aprofundarmos nossos conhecimentos – tanto culturais como da alma, do espírito – estreitarmos nossos relacionamentos interpessoais e valorizarmos nosso eu, com todas as qualidades e defeitos, estaremos focando no SER. E não precisamos ser mestres em coisa alguma para saber que o SER não acaba, não se extingue, não diminui, enquanto vivo. O SER sempre cresce, aumenta, amadurece. À medida que o TER é perecível, suscetível ao mau tempo, às guerras, às oscilações econômicas, etc.
Daí a importância de nossa consciência de que valemos de verdade pelo que somos e não pelo que temos.
Há muitos anos, ouvi uma história de um polonês, naturalizado norte-americano, que passava uma semana de férias como hóspede de uma pequena pousada que tive no Farol de São Tomé. Sua história retrata exatamente o que disse sobre o SER e o TER:
Joseph era de descendência judia e contou que sua mãe, Rachel, perseguida pelos nazistas no período da Segunda Guerra Mundial, precisou abandonar a Alemanha, seu país de origem. Saiu às pressas de casa, sem nenhum bem material, carregando apenas seus três filhos, sua verdadeira riqueza. Na época,  todos com menos de dez anos. Chegou aos Estados Unidos sem nenhum dinheiro, com três crianças famintas e muita vontade de sobreviver. Sua única bagagem era a experiência que tinha nos negócios da família, com grandes lojas comerciais e terras, tudo deixado na Alemanha. Devido a sua extrema força de vontade, Rachel logo arrumou trabalho, aprendeu com facilidade o idioma inglês, já que tinha algum conhecimento prévio da língua e em poucos anos estava abrindo seu negócio próprio. Sua maior preocupação era que os filhos estudassem, aprendessem inglês como se fossem nativos e tivessem uma profissão.
Quando conheci Joseph, ele era escritor e professor de uma universidade da Califórnia. Levava uma vida simples e satisfatória. Estava de férias na América do Sul aprendendo mais sobre o nosso povo e escrevendo um livro sobre diversidades culturais. E a mensagem que Joseph me passou através de frases e gestos, a qual nunca esquecerei, foi a seguinte:
- Minha mãe sempre fez questão de que estudássemos muito, pois sua experiência de vida mostrou que o que levamos aqui – disse batendo no bolso – podemos perder a qualquer momento. E o que levamos aqui – disse enquanto levava o indicador à cabeça –, nunca perderemos. Levamos sempre conosco.
Sua lição me marcou muito e foi um dos princípios que procurei adotar ao longo da vida.



Um comentário:

  1. Pra quem ainda não conhece o livro esse capítulo é um ótimo incentivo pra comprar e conhecer Vivendo bem com o que você tem. Vale a pena!

    bjs
    http://www.just-livros.blogspot.com.br/

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